As perspectivas para o agronegócio brasileiro são positivas, porém, para aproveitá-las e manter sua rentabilidade, o produtor rural deve investir continuamente em tecnologia e estar atento às principais tendências do mercado mundial. Essa foi, em resumo, a mensagem transmitida pelo professor e consultor Marcos Fava Neves, parceiro da Credicitrus no Market Club Conhecimento, aos cerca de 200 produtores rurais que participaram do 4º Encontro de Pecuaristas, realizado no dia 20 de agosto no Confinamento Monte Alegre (CMA), em Barretos, SP.

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(André Luiz Perrone dos Reis, Domingos Sávio Oriente Franciulli, Marcelo Antônio Soares e Gláucia Oliveira Perri Santos)

O CMA, com capacidade para engorda de 35 mil bois por ano, dos quais 70% de pecuaristas parceiros, é dirigido pelo médico veterinário e cooperado André Luiz Perrone dos Reis. Durante o evento, ele, os Dirigentes da Credicitrus, Domingos Sávio Oriente Franciulli e Marcelo Antônio Soares, e a gerente de Relacionamento com Associados e PAs, Gláucia Oliveira Perri Santos, comunicaram aos participantes que a Cooperativa acabou de disponibilizar um produto exclusivo para seus cooperados e, também, parceiros do confinamento, a CPR Financeira, que possibilitará a antecipação de receitas aos produtores, com custo baixo, rapidez e agilidade, pois as operações serão contratadas diretamente no CMA.

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(André Luiz Perrone dos Reis, Fernando Saltão, Alcides Torres, Pedro Terencio e Marcos Fava Neves)

No Encontro de Pecuaristas, além de Marcos Fava Neves, fizeram breves palestras e análises o próprio empresário André Reis; o engenheiro agrônomo Alcides Torres, fundador e diretor da Scot Consultoria; o zootecnista Fernando Saltão, pecuarista e consultor; e o médico veterinário Pedro Terencio, líder de gado de corte da Nutron (braço de nutrição animal da Cargill).

 

Marcos Fava Neves

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(Marcos Fava Neves)

Engenheiro agrônomo graduado pela ESALQ/USP, professor da USP e da FGV e consultor especializado em agronegócio, Marcos Fava Neves é um palestrante muito requisitado e foi o primeiro parceiro do Market Club Conhecimentos da Credicitrus, ao qual fornece conteúdo regularmente desde fevereiro de 2019. Em sua apresentação no Encontro de Pecuaristas, após uma breve avaliação da situação presente, descreveu cinco mudanças da sociedade às quais todos devem prestar atenção. Ele as definiu em cinco termos – demanda, margem, carbono, engajamento e comércio digital – que são resumidos a seguir, sendo mantidas entre aspas suas declarações textuais.

Demanda – A demanda mundial por alimentos tende a permanecer em alta por um bom tempo. “Quem domina a demanda detém o poder” e, nesse caso, a China é hoje “o centro de gravidade do mundo”, representando nosso maior mercado importador, ainda com grande potencial de crescimento. Além disso, outros mercados sofrem com alimentação insuficiente – como grande parcela do restante da Ásia e a maior parte da África – e, à medida que evoluam economicamente, também demandarão alimentos do Brasil, o único país com capacidade de ampliar o fornecimento nessa área.

Margem – “A gestão hoje deve ser por metro quadrado, por unidade animal ou de produção, e não mais por hectare”. Esse nível de detalhamento é resultante das margens cada vez mais apertadas nos negócios, particularmente na agropecuária. Para a obtenção de resultados positivos, é necessário que os produtores adotem pacotes de tecnologia cada vez mais sofisticados. Isso não se resume a recursos de TI, mas igualmente a avanços na engenharia de plantas, com o desenvolvimento de cultivares com maior potencial produtivo, mais resistentes a problemas climáticos ou ataque de pragas, entre outras possibilidades. Adicionalmente, na busca de maior lucratividade, tende a diminuir a imobilização de recursos na aquisição de certos equipamentos, o que vale para qualquer área de atividade e não só para o agronegócio. Começa a surgir, assim, a low asset society ou sociedade de ativos baixos, na qual as pessoas querem ter direito ao uso de um ativo com lucratividade e não à sua propriedade.

Carbono – “Finalmente a sociedade mundial está percebendo que gastamos os recursos naturais mais rapidamente do que conseguimos repô-los, e isso representa uma grande oportunidade para o Brasil”. Essa oportunidade se deve ao fato de que “o carbono será precificado” e quem tiver maior capacidade de neutralizá-lo, ganhará mais. Nesse particular, “o Brasil é líder disparado, o que não é reconhecido. O agronegócio brasileiro é sustentável e não formado por vilões. Esse é um erro de comunicação, motivado por desinformação ou interesses escusos, que precisa ser corrigido”. O Brasil mantém preservados 61% de seu território. Nenhum outro país apresenta índice tão alto. “O agronegócio não desmata, quem desmata são os grileiros. É isso que o mundo precisa saber”.

Engajamento – “Hoje a sociedade está cada vez mais engajada por meio das redes sociais”. O mundo vive uma enorme revolução da informação. Ao adquirir um produto ou contratar um serviço, as pessoas buscam conhecer a opinião de outras pessoas, e isso é feito cada vez mais pelos canais de mídia social. Aproveitá-los corretamente representa outra oportunidade a ser aproveitada, inclusive para corrigir distorções como a relativa à imagem internacional do agronegócio brasileiro.

Comércio digital – “Estive recentemente na China, e fiquei impressionado com o fato de que lá o cartão de crédito virou coisa do passado. As pessoas realizam transações com muito mais rapidez, utilizando apenas celulares e códigos QR”. Outro exemplo é do grupo chinês Alibaba, “o maior varejista do mundo sem ter ativos”, concentrando suas operações em aproximar interesses, facilitando negócios entre quem quer vender e quem quer comprar seja o que for e em qualquer quantidade.

Como conclusão, Marcos Fava Neves enfatizou que estar preparado para a mudança, que ocorre todos os dias, é o grande desafio a ser vencido pelo agronegócio, assim como pelos demais segmentos econômicos brasileiros.

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