O mercado muda o tempo todo e atribui novos desafios para os negócios, mostrando a necessidade de se reinventarem com frequência para garantir crescimento e competitividade. Entre essas experiências está a sucessão empresarial, processo essencial para solidificar e manter o empreendimento a médio e longo prazo.

Por ser uma situação que impacta toda a empresa, desde o fluxo operacional até a gestão, é uma etapa que exige um bom planejamento e preparação. Afinal, quando a sucessão é feita de forma gradual e competente, beneficia todas as partes envolvidas. Em algumas situações, ela pode ocorrer de forma obrigatória ou repentina, por isso é importante saber como fazê-la.

Conheça as principais etapas da transição organizacional e como resolver possíveis conflitos.

O que é sucessão empresarial?

A sucessão empresarial é um momento inevitável que tem um significado simbólico. É um ritual de transferência de poder titular, gerencial e de capital para a próxima geração ou grupo organizacional. Portanto, não é uma simples mudança de responsabilidades.

Muitas companhias de diversos portes e segmentos — pequenas ou grandes, sejam familiares ou não — que vão vivenciar a sucessão não estão trabalhando a sucessão como deveriam. Esse processo é fundamental para orientar os próximos proprietários, gestores e tomadores de decisão a fim de manter o negócio ativo e rentável.

Além disso, é um assunto visto como tabu por muitos gestores e proprietários, já que impacta profundamente o futuro de todas as pessoas (físicas e jurídicas) envolvidas. Entretanto, com o planejamento adequado é possível fazer essa mudança com tranquilidade e eficiência.

Qual a importância desse processo?

O ideal é que a transição organizacional demore um bom tempo para ser efetivamente implementada. Afinal de contas, todos os contratos pendentes, obrigações trabalhistas e tributos passam para uma nova gestão.

Comandar essa mudança de maneira planejada é crucial para preservar a estrutura organizacional, os direitos dos colaboradores e a imagem da companhia no mercado. O relacionamento entre a atual administração e a próxima deve ser harmônico, de modo a contornar divergências com precisão.

Em empresas familiares, o processo pode ser simples, pois os novos gestores normalmente já estão inseridos no ambiente corporativo. Já quando ocorre uma aquisição ou fusão da marca, o conflito de ideias é maior, exigindo uma manobra de conciliação mais efetiva.

Em ambas as situações, é fundamental elaborar um plano de sucessão compatível com a realidade do negócio. Sem essa base, a equipe de profissionais fica insegura, o que leva ao aumento da desmotivação, crescimento do turnover (desligamentos e afastamentos) e desentendimentos constantes.

Quando é o momento ideal para colocá-la em prática?

Existem diversas situações que levam à transição empresarial, mas a maioria delas ocorrem por conta dos seguintes fatores:

  • alteração da natureza jurídica;
  • falência ou recuperação judicial;
  • mudança no quadro societário;
  • herança familiar (por aposentadoria ou falecimento);
  • transformação, fusão, cisão ou incorporação de sociedades;
  • venda do empreendimento.

Independentemente das possíveis eventualidades, a melhor maneira de conduzir esse processo é elaborar um plano sucessório com antecedência a fim de avaliar com cuidado os sucessores. Portanto, é válido afirmar que o momento certo de fazê-lo é agora, pois as situações citadas podem ocorrer a qualquer momento.

Quais conflitos podem surgir durante a transição?

Inúmeras são as causas para que os conflitos surjam. Por isso, é preciso considerar a estrutura do empreendimento e do cotidiano operacional para identificar quais cenários podem se transformar em grandes desavenças.

Felizmente, é possível evitar situações prejudiciais, como a falta de transparência com a equipe, um fator indispensável para a gestão de pessoas e, principalmente, para a boa convivência dentro da empresa.

Conforme os anos passam, o costume com a tradição gera uma resistência no proprietário na hora de transferir as responsabilidades da companhia para outra pessoa. O choque de gerações é outra situação delicada, visto que pode formar divergências entre os pensamentos de quem comanda e quem vai assumir o negócio.

Outros conflitos ocorrem quando:

  • a escolha não considera o interesse ou aptidão do sucessor;
  • a nova geração deseja aprimorar a maneira como a companhia é gerenciada e implementar inovações, mas é barrada pela gestão antiga;
  • alguém se sente preterido nas decisões da empresa e não é considerado para o cargo;
  • há desentendimentos na escolha do sucessor;
  • opiniões alheias afetam o conselho decisório, mas são citadas por quem não participa dos negócios da empresa;
  • parentes têm cargos de alta responsabilidade por causa do vínculo familiar, e não por ter competências.

Os cenários mencionados são muito prejudiciais e podem causar divisões, prejudicando tudo o que foi construído. Portanto, mais uma vez, o diálogo é a melhor solução para resolver divergências e tirar dúvidas, recuperando o equilíbrio. Também é necessário que o sucessor seja compatível com a missão e os valores da empresa para que ela mantenha a sua identidade.

Quais são as etapas e recomendações para otimizar a sucessão empresarial?

Existe uma série de etapas e recomendações que são indispensáveis para preparar o caminho para todas as mudanças a fim de manter tudo sob controle. Conheça os procedimentos necessários para garantir uma transição organizacional eficiente.

Planeje a sucessão com antecedência

Nunca é demais mencionar que o planejamento sucessório precisa ser idealizado desde o início das atividades da empresa. Contudo, a sugestão é não deixar para a última hora e, muito menos, elaborá-lo às pressas.

A sucessão executada de qualquer jeito é danosa, tanto para quem está saindo quanto para quem está chegando, além dos funcionários que podem ficar perplexos e desanimados. Isso eleva a probabilidade de a companhia sofrer por causa de uma transição ineficiente.

Por isso, monte um plano durante seu período de atuação a fim de desenvolver as melhores estratégias — afinal de contas, você, fundador ou proprietário, tem conhecimentos profundos a respeito do negócio. Inclua todos os detalhes considerando a missão, a visão e os valores da marca que permanecerão mesmo após a mudança de comando.

Analise os possíveis sucessores

É recomendado definir uma série de critérios para escolher os sucessores e os procedimentos que serão realizados para o treinamento desses líderes.

Escolha profissionais com alta capacidade de gerenciamento, que tenham habilidades em diversas vertentes (organizacional e emocional) e competências excepcionais em todas as atividades necessárias.

Envolva a equipe de trabalho

A participação dos colaboradores é essencial para o andamento do processo, pois eles precisam estar comprometidos e participando ativamente, na medida do possível.

Profissionais engajados cooperam para que todos os procedimentos de transição ocorram com eficiência. Nesse sentido, entregam bons resultados, aumentam as receitas e garantem a continuidade dos negócios.

Por isso, é essencial que os funcionários façam parte desta empreitada a fim de transmitir informações claras, especialmente quanto às decisões que podem afetá-los em alguns momentos.

Reúna dados e documentos

Uma sucessão adequada ocorre com a consolidação de registros e documentos, como:

O comprador e o sucessor, por exemplo, precisam conhecer as condições da companhia antes de fechar o acordo e o processo de transição.

Além disso, o gerenciamento pleno das documentações protege o empreendimento, caso seja necessário vender a instituição de forma repentina ou um membro da família precise lidar com uma sucessão em circunstâncias complexas, como uma eventual incapacidade do antigo proprietário ou óbito.

Delegue funções

Para transferir o comando da companhia com tranquilidade, é preciso delegar funções o quanto antes. Isso permitirá analisar o modo como cada profissional se comporta e realiza as tarefas.

Após essa avaliação, você vai transferindo as responsabilidades aos poucos a fim de garantir tranquilidade quando sair da empresa. Com isso, você aumenta a probabilidade de a próxima liderança realizar um ótimo trabalho, garantindo a longevidade da instituição.

Tome uma decisão racional

É bastante comum, especialmente na sucessão familiar, que o proprietário tome uma decisão emocional. Entretanto, nem sempre o que você gostaria de fazer trará os melhores resultados para a companhia. Aqui, o segredo é colocar a ética profissional em evidência.

Isso significa esquecer a intenção de deixar o comando para um parente preferido, caso ele não esteja preparado. Estude todas as possibilidades e escolha a pessoa mais adequada para assumir o cargo. O segredo para uma sucessão eficiente é entregar o poder organizacional para o profissional mais habilitado, sendo ele sua primeira opção ou não.

Crie um plano flexível

Esse processo não pode ser taxativo, ou seja, sem a possibilidade de fazer alterações, caso necessário. Afinal, o ramo corporativo é cheio de detalhes e as mudanças ocorrem com frequência, principalmente, por conta das ferramentas tecnológicas que alteram a maneira de fazer negócios nos mais diversos setores do mercado. Portanto, invista em um plano sucessório adaptável para garantir um futuro mais adequado para a empresa.

Conte com auxílio profissional

Além das demandas administrativas, a transição organizacional pode envolver assuntos legais que nem sempre o proprietário e os sucessores dominam com clareza. Existe uma série de fatores que devem ser avaliados e considerados. Logo, a dica é contar com um apoio especializado por meio de uma consultoria sucessória.

Um profissional especializado, com domínio sobre o tema, pode trazer diversos benefícios a fim de melhorar os resultados de produção e competitividade da companhia, mesmo durante o período de adaptação.

Compreender o funcionamento prático da sucessão empresarial é crucial para a sobrevivência do negócio. Por conta de diversos detalhes que o processo exige, é necessário montar um plano adequado, considerando métodos viáveis e menos burocráticos para que a transição ocorra com tranquilidade.

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