O casal Suguimoto (Adriana Castilho e Nivaldo Noboru) tomou uma decisão radical em 2016: substituir as técnicas agrícolas tradicionais por práticas sustentáveis e de baixo impacto ambiental em seu Sítio Bela Vista, em Clementina, na região de Birigui. Esta propriedade está sob sua responsabilidade desde 2001, e foi desmembrada de uma área maior adquirida em 1958 pelos avós de Nivaldo, imigrantes japoneses recém-chegados ao Brasil, e depois passou para seu pai.
Adriana e Nivaldo são associados à Credicitrus desde 2008. Ele é formado em Direito pela Universidade Estadual de Londrina, mas não exerceu a advocacia, tendo dedicado a vida inteira à agricultura. Quando a filha e o filho do casal saíram de casa para estudar, ela Medicina, ele Engenharia da Computação, Adriana decidiu voltar aos bancos escolares. Prestou vestibular e ingressou em um curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, cujos conhecimentos agora aplica na implantação do projeto de agricultura orgânica. Segundo ela, poder contar com a Cooperativa tem sido vital para essa mudança: “Utilizamos vários produtos da Credicitrus, como crédito rural, seguros residencial e de automóveis, poupança, cheque especial e recebimento de aposentadoria. Temos cotas de capital para a família. E os boletos de cobrança enviados aos nossos clientes também são emitidos pela Cooperativa, que tem sido fundamental para nosso trabalho no campo. Sem esse apoio financeiro, já teríamos fechado as portas há muito tempo”.
Mudança exige sacrifício
Adriana fala com entusiasmo sobre a opção pela agricultura orgânica e revela que já está reunindo dados para escrever um livro relatando não só essa experiência, mas também a trajetória histórica da família Suguimoto no Brasil. Seus planos vão além: quer transformar a propriedade em um espaço verde de ecoturismo, abrigando uma escola de agricultura sustentável direcionada a jovens de 11 a 16 anos de idade.
A transformação tem exigido sacrifícios, afirma a cooperada e justifica o porquê da mudança: “Se continuássemos produzindo alimentos convencionais, vendendo no mercado tradicional, o tempo passaria, a terra iria envelhecer ainda mais em razão das interações dos produtos tóxicos utilizados e, ao fim de uma vida inteira, sem a intenção de fazer nada de errado, mas ao mesmo tempo fazendo tudo errado, nada deixaríamos de produtivo, inovador, histórico. Não teríamos feito nossa parte como seres humanos responsáveis pela conservação da vida”.
Prossegue: “Em 2016, essa história começou a mudar, com a instalação da produção natural e o tratamento da terra com microrganismos vivos, que iriam melhorar as culturas instaladas e outras a serem plantadas”. Esse momento de virada para uma nova forma de cultivar foi dramático, relembra a cooperada: “Após uma grave crise financeira que não nos permitia nenhum investimento em novas parcerias e com uma falta de motivação assustadora, buscamos apoio na Fundação Mokiti Okada, braço da Igreja Messiânica do Brasil. A equipe que nos visitou, apaixonada pelo que faz e comandada por um técnico apelidado de Chapolin, nos impôs uma meta nada fácil: Nivaldo, você ficará um ano sem colheita, mas vai conseguir colocar esta propriedade no prumo. E não pode usar herbicida no sítio de forma alguma. Se usar, vou embora daqui. E como controlar o mato? Roça com roçadeira manual e planta alternativas como aveia, feijão de porco, flores, nabo forrageiro, enfim culturas boas… Hoje, meu marido e eu, com quase 50 anos de idade e casados há 21 anos, podemos afirmar que jamais tínhamos visto um trabalho tão magnífico, tão espetacular, tão profícuo”. O trabalho, na verdade, ainda está em curso. A conversão da propriedade para o cultivo orgânico requer o descanso do solo, que deve permanecer um período de pelo menos um ano sem receber qualquer produto químico, para que possa começar a se recompor e possibilitar o desenvolvimento dos microrganismos.
Resultados já alcançados
A cooperada resume como têm sido as colheitas de produtos orgânicos: “Atualmente plantamos banana nanica (5 ha), melancia (8 ha), mandioca (8 ha), mamão Formosa (1 ha), coco verde (1 ha) e ponkan (1 ha). Para a melancia, adotando técnicas de cultivo de acordo com os padrões aceitos para certificação como produto orgânico, a produtividade obtida foi de pouco mais de 30 t/ha. Se fosse adotado o plantio convencional, com uso de pesticidas, chegaria quase ao dobro. Mas nosso custo seria alto e seria mais baixo o teor nutricional das frutas. Para o mamão Formosa, a produtividade do produto orgânico foi de 37 t/ha, contra as 83 t/ha que seriam alcançadas com o plantio convencional”.
No que diz respeito à colocação dos produtos orgânicos do sítio no mercado, a cooperada explica que continuam sendo comercializados de forma convencional, com a venda dos excedentes sendo feita a preços de produtos cultivados de forma convencional. Para obter os preços mais elevados praticados nos grandes centros para os produtos orgânicos certificados, a solução seria ter acesso direto ao consumidor. Para isso, conclui Adriana: “Precisamos construir uma teia de distribuição do tipo ágora (denominação dada às praças na Grécia antiga, onde se realizavam as trocas comerciais), que, aproximando produtores e consumidores, será a solução mais vantajosa para ambas as partes”.
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CLAUDEMIR STRACHICINI
Está no DNA da Credicitrus o apoio financeiro aos cooperados dedicados ao agronegócio. Parabéns Credicitrus. Isso faz sentido!