Eduardo Hilário, filho dos cooperados Elysio Hilário e Aurea R. Hilario, é mais um exemplo de cientista que, depois de galgar todos os degraus da formação acadêmica no Brasil, foi trabalhar no exterior com o objetivo de desenvolver e alavancar alguns estudos em suas áreas de conhecimento: Bioquímica, Biofísica e Cristalografia de Proteínas. No mês de julho, em férias, passou um breve período na casa dos pais, em Bebedouro, e nessa ocasião falou sobre seu trabalho na Universidade da Califórnia, Riverside, onde atua desde 2009 como pesquisador visitante.

Eduardo Hilário

(Eduardo Hilário)

Nos Estados Unidos, conforme relatou, trabalha com a bactéria causadora do cancro cítrico asiático (Xanthomonas citri), visando a purificar, cristalizar e decifrar as estruturas tridimensionais de proteínas específicas e determinar suas respectivas funções na bactéria patogênica. “O objetivo”, explicou, “é descobrir quais são as proteínas-chave para o desenvolvimento dessa doença nas plantas cítricas e possíveis formas de neutralizá-las para combater a doença”. Adicionalmente, dedica-se a outras duas linhas de pesquisa, na área de saúde humana, uma sobre uma forma de câncer de pele, para a qual determinou a estrutura da proteína XPB em 2011, a outra relacionada com a enzima triptofano sintase da bactéria Salmonella, visando à produção de um antibiótico específico que poderá ser utilizado no tratamento de várias doenças causadas por bactérias. “São estudos muito complexos e demorados”, salienta, acrescentando: “Quando chegamos a algum resultado promissor, este terá que ser validado por meio de ensaios de laboratório e clínicos por vários anos”.

Estudos

Eduardo Hilário graduou-se inicialmente em Biologia pelo Instituto de Biociências e Ciências Exatas da UNESP em São José do Rio Preto. Em seguida, ingressou no Instituto de Química da UNESP em Araraquara, onde, após graduar-se, fez mestrado, doutorado e pós-doutorado em Biotecnologia e Biologia Molecular, como bolsista da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

Durante o mestrado, a partir das técnicas de sequenciamento genético que haviam sido introduzidas no País pouco antes, dando origem ao Projeto Genoma, começou a realizar estudos sobre as mutações genéticas causadoras de uma doença cardíaca pouco comum, denominada cardiomiopatia hipertrófica familiar (CMH), que pode provocar morte súbita. Prosseguiu com esses estudos durante o doutorado, quando deu início a pesquisas genéticas, que aprofundou no pós-doutorado, sobre a estrutura molecular das proteínas das bactérias causadoras do cancro cítrico e da clorose variegada dos citros.

Ida para o exterior

Em 2008, seguindo conselhos de seus orientadores na pós-graduação, dentre os quais os professores Dra. Maria Célia Bertolini e Dr. Jesus Aparecido Ferro, decidiu buscar no exterior oportunidades para expansão de seu trabalho. Entrou em contato com a Universidade da Califórnia, Riverside, apresentando seu projeto de pesquisa nas áreas às quais já se dedicava. Foi admitido e, em 2009, com bolsa do National Institute of Health (NIH), iniciou sua carreira internacional, na qual permanece por razões que explica: “As condições para o desenvolvimento de pesquisas lá são muito boas. A rotina do trabalho exige maior dedicação do que ocorre no Brasil, em geral. Trabalho 60 horas por semana, mas estou satisfeito com essa oportunidade e com as possibilidades que abre”. Dentre essas oportunidades, conta que, há alguns anos, promoveu a aproximação entre seu chefe, o pesquisador chinês Dr. Li Fan, e o professor Jesus Ferro, da UNESP/Jaboticabal, que desde então mantêm colaboração nos estudos sobre o cancro cítrico.

Quanto ao futuro, afirma que por enquanto pretende permanecer nos Estados Unidos: “Recentemente me tornei residente permanente (recebeu o green card), o que me proporciona maior flexibilidade e opções para trabalhar e fazer pesquisa. No entanto, isso não vai me afastar do Brasil, até porque muito do resultado de meu trabalho poderá ser aplicado em nosso país. Também tenho vontade de me tornar professor e pesquisador em uma universidade pública no estado de São Paulo”.

Deixe um comentário

%d