“A produção de peixes de cultivo é o melhor negócio dos próximos 20 anos”. Essa foi uma das frases que marcaram o vigésimo oitavo episódio da Jornada SOMAR Forças da Credicitrus, realizado no dia 23 de setembro, com transmissão ao vivo pelas redes sociais da Cooperativa, ratificando a afirmação contida no tema anunciado para esse evento: “Piscicultura – atividade em alta e com grandes oportunidades”.
O evento, no qual se destacou o otimismo revelado por todos os participantes, teve como palestrantes Francisco Medeiros, diretor presidente da Peixe BR – Associação Brasileira de Piscicultura, autor da frase que abre este texto; e os cooperados Emerson José Esteves, diretor de produção da Global Peixe e presidente do Conselho da Peixe SP; Antonio Ramon do Amaral Neto, sócio proprietário da Grupo Ambar Amaral; e Henrique Junqueira Franco, diretor executivo da BTJ Aqua.
Representaram a Credicitrus no encontro o diretor de Operações, Marcelo Antonio Soares, e gerente de Relacionamento Corporativo, Karina Andriazi Cavazane. O cooperado e professor Marcos Fava Neves, da USP e da FGV, foi o mediador do seminário, que permanece gravado na íntegra no canal da Cooperativa no Youtube, com acesso pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=S6rD7oRdnDA.
Cooperativismo
Na mensagem de abertura do evento, Karina Andriazi relembrou mais uma vez que a Jornada SOMAR Forças deve ao cooperativismo sua realização, desde maio do ano passado, e seu êxito crescente. Sobre o tema do episódio, afirmou que a produção de peixes de cultivo tem evoluído muito no Brasil, e que “a tilápia é a estrela desse mercado”. Acrescentou que o Paraná é o maior produtor da espécie no Brasil, responsável por cerca de 170 mil toneladas anuais, com São Paulo em segundo lugar, com mais de 70 mil toneladas por ano. Completou lembrando que o cooperativismo tem presença forte nesse segmento, cujo líder é a Copacol, sediada em Cafelândia, no oeste do Paraná, que tem mais de 200 associados dedicados à tilapicultura.
Padronização
Na introdução do webinar, o professor Marcos Fava Neves enfatizou que a piscicultura caminha para “uma explosão, no bom sentido”. Atribuiu esse êxito a tudo o que vem sendo realizado pelos líderes do segmento: “Essa turma está fazendo um trabalho de primeira, que envolve todas as variáveis tradicionais das estratégias do marketing – padronização de produtos, ciência da cadeia produtiva, acesso ao ponto de venda, embalagem, marca e conceito”.
Ele prevê que o País tem muita chance de se tornar também um grande exportador de peixes e produtos derivados. “O peixe”, finalizou, “é um produto extremamente alinhado com o que o consumidor moderno deseja em termos de sustentabilidade”.
A seguir, é apresentado um sumário das considerações feitas durante o webinar pelos quatro palestrantes convidados.
Francisco Medeiros
Francisco é presidente executivo da Associação Brasileira de Piscicultura – Peixe BR (https://www.peixebr.com.br/), entidade fundada em 2015, da qual foi inicialmente secretário executivo. Médico veterinário, ex-professor da Universidade Federal de Mato Grosso, autor de quatro livros sobre piscicultura, ingressou na piscicultura em 1987 e atualmente é sócio de uma empresa na região de Ribeirão Preto, SP, que atua na área de tecnologia de estruturas para a produção de peixes. Os pontos principais por ele abordados no seminário são resumidos a seguir.
Das associações das proteínas animais, a Peixe BR é a mais jovem. Apesar dos avanços, precisamos melhorar nosso marco regulatório, principalmente junto aos governos estaduais nas questões ambientais e, junto ao governo federal, nas questões de tributos e regularização da criação de peixes em tanques-rede em águas da União.
Até o final do ano passado, o período de trâmite processual para a cessão de águas da União era de 12 anos. Com uma ação do governo e a reação da sociedade organizada, hoje o tempo médio é de 12 meses. E, agora, aqui em Tocantins, tivemos o processo mais rápido desde 2003, quando foi publicado o decreto que regulamenta essa questão, que foi de seis meses.
Nosso desafio mais importante é colocar no prato de cada brasileiro um pedaço de nosso peixe de cultivo. Hoje a tilapicultura representa 61% de todo o peixe de cultivo no Brasil. E o mais importante: é um peixe seguro, que tem sustentabilidade, desde o alevino até o momento em que chega ao prato. É um produto rastreável, que nos surpreende. E vou surpreender mais: para preparar o peixe, especialmente um filé de tilápia, gasta-se menos tempo e é mais fácil do que preparar um ovo.
Isso demonstra quão importante é a comunicação com o consumidor, além da comunicação junto aos associados. A Associação Peixe BR engloba um guarda-chuva para toda a cadeia de produção. Nós temos produtores, a genética, os frigoríficos, as indústrias de ração, equipamentos, medicamentos, aditivos, e temos associações estaduais como a Peixe SP e a Peixe TO, que acabamos de fundar em Tocantins.
Fazemos esse trabalho nos estados porque sabemos que somente por meio do associativismo e do cooperativismo conseguiremos levar adiante o que desejamos para nosso setor. Hoje, das três maiores empresas que produzem peixe no Brasil, as duas primeiras são cooperativas, a Copacol e a C.Vale, ambas com sede no Paraná.
No ano passado, o sistema financeiro emprestou para custeio da piscicultura algo em torno de R$ 440 milhões. A maior parcela desse dinheiro foi para os estados do sul, em especial para o Paraná, e grande parte foi liberada pelas cooperativas de crédito. Isso é muito pouco, representa apenas 10% do custeio de nossa produção. Temos muito a evoluir, e não evoluímos porque existem alguns pré-requisitos a serem cumpridos na área ambiental. Por isso, trabalhamos muito na estrutura básica da cadeia produtiva, esse é o nosso principal papel, para criar um ambiente de negócio para o produtor.
A piscicultura é a melhor oportunidade de produção de proteína animal, o melhor negócio dos próximos 20 anos, porque hoje temos um consumo per capita de peixes muito baixo, que vai aumentar, e isso significa oportunidade de negócios para todos da cadeia. É um negócio que estamos construindo junto com pequenos, médios e grandes, mas lembrando que as duas maiores empresas do Brasil são feitas por pequenos produtores cooperados. Esse é o caminho.
Antônio Ramon do Amaral Neto
Ramon é médico veterinário e sócio do Grupo Ambar Amaral (https://grupoambaramaral.com.br/), sediado em Santa Fé do Sul, SP, juntamente com seus irmãos Guilherme, também médico veterinário, e Felipe, zootecnista, e sua mãe, a cirurgiã-dentista Sonia Ambar do Amaral. Constituído nos anos 1980 pelo zootecnista Antônio Carlos Pontes do Amaral, falecido em 2012, o grupo é proprietário da Piscicultura Brazilian Fish, instalada em 2007 nas águas do rio Paraná e seus afluentes, e da Brazilian Fish, fundada em 2008, que produz e comercializa filés e outros cortes de tilápia, pratos prontos e petiscos à base dessa espécie. O grupo ainda atua em pecuária de corte, em Pontes e Lacerda, MT, produção de rações e telecomunicações. As principais considerações feitas por Ramon são sintetizadas a seguir.
Acredito que o grupo Ambar Amaral é o único na piscicultura mundial que tem uma cadeia totalmente verticalizada. Temos matrizes, produzimos alevinos e rações, fazemos cria, recria e engorda dos peixes e, após 10 meses, o abate. E temos a indústria, onde conseguimos agregar valor e colocar nos pontos de venda tilápia in natura e congelada e uma vasta linha de produtos prontos e semiprontos.
No grupo, sou responsável pela piscicultura e pelo frigorífico. Meu irmão Felipe responde pela fábrica de ração e o Guilherme, pela pecuária em Pontes e Lacerda. Minha mãe cuida dos produtos prontos e semiprontos.
A fábrica de ração é o maior negócio do grupo. Produz 10 mil toneladas mensais, das quais 90% são comercializadas e as 10% restantes, consumidas internamente.
O frigorífico produz hoje em torno de 650 a 700 toneladas mensais de tilápias. Abatemos 100% de nossa produção e temos agora dois parceiros, dentro de um modelo novo de negócio, de integração, baseado na cooperação, que pretendemos expandir: entregamos ao parceiro os alevinos e a ração, prestamos a ele toda a assistência técnica, e ele presta o serviço de cria, recria e engorda em sua estrutura.
Acredito que, para o piscicultor, o negócio se torna viável quando produz pelo menos 40 toneladas mensais de tilápia. É o número mínimo para se iniciar um projeto. Qual o investimento necessário para isso? Para alcançar a produção mencionada, serão necessários, em média, 120 tanques-rede convencionais com 18 m3 [N.R. Esse tipo de tanque, medindo 3 m x 3 m x 2 m, é utilizado na piscicultura praticada em represas como as formadas pelo rio Paraná e seu afluentes]. Considerando todos os custos envolvidos, o investimento total será de aproximadamente R$ 1,2 milhão e, em apenas seis a sete meses, começará a dar retorno.
O peixe é a quarta proteína animal consumida no Brasil, enquanto, na maioria dos países, é a primeira. Portanto, temos muito mercado, muita coisa para acontecer. A piscicultura, desde que tratada com dedicação e muita responsabilidade, representa a melhor oportunidade do mercado brasileiro.
Emerson José Esteves
Biólogo e técnico agrícola, Emerson é proprietário e diretor de produção da Global Peixe, sediada em Rubineia, SP, na região dos grandes lagos da Usina Hidrelétrica de Ilha Solteira. É desde 2016 presidente do Conselho da Associação de Piscicultores em Águas Paulistas e da União – Peixe SP (http://www.peixesp.com.br/), e foi diretor da Divisão da Cadeia Produtiva da Pesca e da Aquicultura do Departamento do Agronegócio – DEAGRO da FIESP e presidente de Câmara Setorial do Pescado da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Sua apresentação é resumida a seguir.
Nasci com o pé na água. Vivo a piscicultura desde os 13, 14 anos de idade. Meu pai tinha produção de peixes e um pesque-e-pague, então foi uma coisa que segui como caminho de vida. Hoje tenho uma empresa que produz por volta de 55 milhões de alevinos de tilápia por ano. Estamos dobrando essa produção para 100 milhões de alevinos por ano nesta safra 2021/22. Temos uma engorda também, que está em expansão, produzindo hoje em torno de 2.500 toneladas por ano de tilápias.
O recado que podemos dar a quem quer entrar na piscicultura é simples. Há 20 anos, eu produzia 30 mil alevinos por mês. Hoje são 55 milhões. É um mercado de expansão muito forte, especialmente em nossa área, de alevinagem, que cresce de 40% a 50% ao ano para atender a demanda de mercado. Atuamos em São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás. Estamos na região de Santa Fé do Sul e atendemos um raio de mil quilômetros com alevinos e juvenis de tilápia. O peixe gordo vendemos para uma indústria de Mato Grosso do Sul, pois a piscicultura está totalmente nesse estado.
Temos trabalhado para melhorar o ambiente de produção, a legislação, que tem sido o grande entrave, e o licenciamento ambiental. Em 2016, São Paulo saiu na frente com um decreto de licenciamento de águas, que permitiu regulamentar a atividade para pequenos, médios e grandes produtores. Outro ponto é a autorização para as espécies que podem ser produzidas. São Paulo foi o primeiro estado a regulamentar a produção de panga, um peixe exótico do gênero Pangasius, já autorizado no Tocantins e no Rio Grande do Norte. Temos outras espécies como piau, pacu, matrinxã e tambaqui, mas a tilápia é a que vem crescendo mais. Por quê? Porque é o segmento mais organizado, tem a tecnologia mais dominada em genética, nutrição, manejo e estrutura de produção. Tem logística, comercialização e indústrias fortes, que desempenham papel importante no processamento, na distribuição e no fomento do consumo. A exportação de tilápia também vem crescendo, pois é o peixe mais produzido no mundo.
São Paulo, até anos atrá,s era praticamente o líder de produção de tilápia no Brasil. Nossa região de Santa Fé do Sul é muito forte, líder em produção de tilápias em tanque-rede. Mas o Paraná fez o dever de casa, conseguiu regularizar o licenciamento ambiental e as cooperativas se organizaram para entrar na piscicultura, lideradas pela Copacol e a C.Vale, e a participação das cooperativas de crédito. Hoje o estado produz quase 180 mil toneladas, mais do que o dobro do segundo colocado, que é São Paulo.
O novo secretário da Agricultura de São Paulo, Itamar Borges, já entendeu os dois grandes desafios da piscicultura no estado: o licenciamento ambiental e a carga tributária. Não se justifica São Paulo, que faz divisa com Paraná e Mato Grosso do Sul, não ter os incentivos fiscais que tem Mato Grosso do Sul principalmente para a indústria. Estamos discutindo com o secretário a organização de um programa que vai se chamar Pró-Peixe Paulista ou Pró-Peixe São Paulo, para estimular a cadeia de produção dentro do estado. São Paulo é o maior mercado consumidor, tem o maior poder aquisitivo, e não consegue ser competitivo com Mato Grosso do Sul e o Paraná por questões tributárias. O secretário está empenhado nisso e estamos dando a ele todo o suporte porque São Paulo tem uma capacidade gigantesca de produção.
A piscicultura hoje, por metro quadrado ou por hectare, é a atividade que dá mais renda ao produtor. Ganha da soja, do milho, do boi, do frango. Exige um investimento alto, mas tem retorno rápido, em seis ou sete meses se torna autossuficiente.
O modelo de integração já mencionado pelo Ramon precisa ser considerado com carinho, porque dá muito mais segurança ao piscicultor, maior sustentabilidade, permitindo ao produtor se preocupar em produzir. É um modelo que já deu certo no Paraná e no qual devemos nos espelhar. Em setembro de 2019, fomos o primeiro parceiro de uma indústria de Mato Grosso do Sul, e desde então não tivemos mais problemas de sazonalidade em vendas, inadimplência, conseguimos organizar a produção desde o início do ano e ter uma margem constante durante o ano todo.
A piscicultura tem um potencial muito grande no Brasil, seja em tanque-rede, tanque escavado e sistemas de produção intensiva em bioflocos. Hoje se consegue produzir peixes até no quintal de casa. Para quem quiser produzir em tanque-rede, temos hoje no Brasil 78 reservatórios só da União, com capacidade de produção de 4 milhões de toneladas já outorgada pela Agência Nacional de Águas (ANA). Só em reservatórios estaduais em São Paulo temos capacidade para produzir 800 mil toneladas.
Eu como produtor de peixes há 21 anos, como presidente de associação e como empresário, fiquei envergonhado ao ver volume que o Brasil produz hoje, de 800 mil toneladas, comparado com o do Vietnã, que conheci em 2017. Com o tamanho do estado de São Paulo, produz 3 milhões de toneladas por ano. De três a quatro anos para cá, estamos crescendo de forma acelerada. É a atividade da proteína animal que mais cresce no Brasil, e temos muito espaço para que se desenvolva. Para quem quer investir na piscicultura, acho que o momento é agora, o peixe está se consolidando.
Realizaremos de 24 a 26 de maio de 2022 a Aquishow, em São José do Rio Preto, SP. Esse evento, que não foi realizado neste ano em razão da pandemia, é organizado pela Peixe SP e o local ideal para quem quer conhecer um pouco melhor nossa atividade.
Henrique Torquato Junqueira Franco
É economista, membro de tradicional família dedicada ao setor sucroalcooleiro, neto do empresário Cícero Junqueira Franco, falecido em 2016, que foi um dos idealizadores do Programa Nacional do Álcool (ProÁlcool). Henrique é diretor executivo da BTJ Aqua, empresa familiar que atua na produção e no processamento de tilápia, cuja história teve início em Sud Mennucci, SP. Em 2018, visando à expansão dos negócios da família no segmento da aquicultura, foi fundada a BTJ Aqua (https://btjaqua.com.br/). Nos dois anos seguintes, inaugurou três fazendas de produção e um frigorífico na região de Ilha Solteira, SP, e hoje produz 8 mil toneladas anuais de tilápias. O resumo de sua apresentação é publicado a seguir.
Somos uma família de produtores rurais. Decidimos entrar no segmento da tilápia em 2012, quando nos tornamos sócios de uma piscicultura em Sud Mennucci, que produzia 300 toneladas por ano. Em 2018, minha família – somos três irmãos e uma irmã e nosso pai – decidiu focar na piscicultura como principal negócio, e fundamos a BTJ Aqua. Chegamos a 2021 com a expectativa de produzir nas nossas quatro pisciculturas de engorda 10 mil toneladas por ano. Temos uma indústria de processamento fazendo principalmente o filé fresco, mas também outros cortes que estão entrando no mercado e devem tornar-se comuns, farinha e óleo. Estamos em franco crescimento.
Gostaria de explicar a base, a perspectiva futura, que nos fez focar na cadeia da tilápia como nosso grande negócio. Até 2050, teremos uma população mundial de 9,7 bilhões de pessoas. Desde 1990, a pesca extrativa está completamente estabilizada, apenas com algumas pequenas oscilações. Na época, o peixe de cultivo era praticamente inexpressivo, talvez representasse 10% da pesca extrativa. No ano retrasado, foi que o peixe de cultivo ultrapassou pela primeira vez a pesca extrativa.
Considerando todo o crescimento da população e do consumo de peixe, constata-se o potencial de crescimento no Brasil do peixe de cultivo. Nos últimos seis anos, esse segmento cresceu quase 40%, cerca de 6,5% ao ano. Só a tilápia, que representa 61% do total produzido, cresceu 12,5% no ano passado.
A tilápia tem uma importância enorme no segmento de peixe de cultivo, com quase toda a produção voltada para o mercado interno. Em 2020, menos de 2% da produção foi para a exportação e com baixíssimo valor agregado, média de US$ 1,75/kg, que é muito baixo. Era mais farinha, óleo, escama, couro, nada muito representativo para nossa cadeia. Isso em um mercado que exportou no mesmo ano US$ 284 milhões, ou seja, a tilápia representou apenas 3% desse total, e que importou US$ 900 milhões. Nós, com toda essa água, toda essa costa, ainda importamos muito peixe.
Com relação à tilápia, as estimativas mundiais são de produção de 6,3 milhões de t. A China é o maior produtor, com 2 milhões de t, depois a Indonésia, com 1,4 milhão de t, e o Egito, com 990 mil t. O Brasil está em quarto lugar, ainda tímido, com 520 mil t/ano, uma participação de 8%. Nossa meta, segundo o Francisco Medeiros, é sermos o maior produtor mundial em 20 anos. Eu queria que fosse em 15 anos, no máximo, para ultrapassar a China. Temos que mirar 30% do mercado mundial. Se quisermos mirar alto, temos que crescer 12% a 14% ao ano por mais 10 anos, no mínimo.
Há oportunidades para isso. No mercado interno, o brasileiro consome 9 kg/hab/ano, o que é muito pouco. O mundo, que tem todo tipo de gente, consome 19 kg/hab/ano; os Estados Unidos, 22 kg/hab/ano; a China, 38 kg/hab/ano; e o Japão, 45 kg/hab/ano.
Temos no Brasil, um dos maiores programas de melhoramento genético de peixes do mundo, liderado pelo professor Ricardo Pereira Bueno, da Universidade Estadual de Maringá, no Paraná. São 18 gerações de seleção para melhoramento genético, e ele consegue incrementar 3,3% de ganho de peso diário por geração. Veja-se o impacto disso na diminuição do ciclo de produção. Esse programa é uma referência mundial.
Na produção de ração, temos um desenvolvimento tecnológico constante. Hoje, ouvimos falar de ração de 26% de proteína com o mesmo desempenho de uma ração de 32% de proteína. O impacto não é apenas para o bolso, é também ambiental, com mais sustentabilidade, mais eficiência. É tecnologia de ponta.
Nós temos no Brasil disponibilidade de água tanto em reservatórios quanto em rios, que vão servir para tanques escavados e tanques-rede. Que outro país no mundo tem essa disponibilidade de água doce e de produção de grãos, pois praticamente tudo de que precisamos para rações está aqui?
É uma combinação perfeita para não sermos os maiores produtores em 15 anos, e os maiores exportadores. A chance de evoluirmos é muito grande, basta querermos.
O que chamou muito minha atenção e acho que valida toda essa perspectiva otimista são dois casos emblemáticos envolvendo dois grandes players mundiais. O EW Group, da Alemanha, uma das maiores empresas do mundo na área de genética de frangos, galinhas poedeiras e perus, entrou no Brasil há três anos com a GenoMar Genetics, e está investindo horrores no segmento de tilápias. A Marel, dos EUA, uma das maiores referências do mundo em processamento de aves e suínos, desenvolveu sua primeira filetadora automática de pescados no Brasil e vai colocar suas as primeiras quatro séries no País. Esse pessoal está olhando para o Brasil, porque temos muito potencial.
Nosso propósito é colocar a tilápia na mesa do consumidor com baixo custo. Vamos diminuir o ciclo, melhorar o rendimento da ração, o rendimento do filé, todos juntos, com manejo, genética, tecnologia, muito estudo e muitos dados para embasamento desse crescimento. Vamos fazer do Brasil o maior produtor de tilápia do mundo.
Cooperados fortes fortalecem a Credicitrus
Marcelo Soares, diretor de Operações da Credicitrus, transmitiu a mensagem de encerramento aos palestrantes e a todos os participantes do webinar. Relembrou que o agronegócio está no DNA da Cooperativa, um setor que vem batendo recorde atrás de recorde, mas que ainda tem um enorme potencial de expansão em benefício da segurança alimentar do mundo. Enfatizou: “Ficou claro, com este seminário, que o Brasil tem tudo para ser também um celeiro mundial na piscicultura”.
Comentou que, por sua pujança e eficiência operacional, a Credicitrus não só se tornou uma das maiores cooperativas do Brasil e da América Latina, “incomodando” as grandes instituições financeiras, como continua tendo um grande potencial de expansão, e esta será alicerçada na evolução de seus cooperados, “pois a Credicitrus é, na prática, a soma do crescimento e do sucesso de seus associados”.
Esse crescimento, finalizou, se refletirá não só em seu desempenho, mas igualmente nos benefícios cada vez maiores que gerará para as comunidades em que está presente. As economias proporcionadas a cada cooperado, somadas às sobras que recebem anualmente, representam o resultado social econômico, que são os recursos que permanecem com os associados e são naturalmente aplicados em suas localidades em produtos, serviços e investimentos, fazendo a economia girar. Adicionalmente, parte das sobras alimenta os fundos que financiam as ações sociais, educacionais, culturais e ambientais do Instituto Credicitrus, possibilitando que a Cooperativa leve ainda mais longe seu propósito de construir oportunidades e transformar vidas.