O vigésimo episódio da série de seminários on-line Jornada SOMAR Forças da Credicitrus, realizado no dia 16 de abril, abordou o tema “Responsabilidade Social” e teve como destaque o lançamento da campanha “Todo Sonho é Realidade”, visando a captar doações em benefício do Hospital Regional do Câncer de Passos, MG.

O evento teve como palestrantes os cooperados Maurício Silveira Coelho e Rubens Silveira Coelho, produtores rurais e sócios do Grupo Cabo Verde, com sede em Passos, MG; os convidados Dr. Vivaldo Soares Neto e Daniel Porto Soares, respectivamente provedor e superintendente da Santa Casa de Passos, MG; a presidente do Instituto Credicitrus e vice-presidente do Conselho de Administração da Credicitrus, Maria Tereza de Souza Lima Uchôa; e o CEO da Cooperativa, Walmir Fernandes Segatto, vice-presidente do Instituto.

O webinar, que foi transmitido ao vivo pelas redes sociais da Credicitrus, teve como mediador o cooperado e professor Marcos Fava Neves, da USP e da FGV, e ainda contou com a participação da gerente de Relacionamento com Cooperados e PAs, Karina Andriazi Cavazane. A íntegra do evento permanece gravada no canal da Credicitrus no Youtube:

Compromissos com a sociedade

Karina Andriazi Cavazane abriu o seminário salientando que cerca de 30 mil pessoas assistiram aos 19 episódios até então levados ao ar na Jornada SOMAR Forças, demonstrando a magnitude que os eventos digitais alcançaram. Depois de assinalar que o propósito da Cooperativa é ser o principal meio de geração de prosperidade para os cooperados, com sustentabilidade, fez um breve comentário sobre a responsabilidade social: “Durante muito tempo, o desempenho econômico-financeiro é que definia a reputação das organizações. No final dos anos 1980, principalmente nos Estados Unidos, ganharam notoriedade as ideias de vários estudiosos, argumentando que a ética deve ser parte da conduta empresarial. Isso evoluiu. Hoje se entende que a ética é indissociável não só da conduta, mas da estratégia das organizações”. Complementou: “Nessa evolução, a sustentabilidade passou a ser medida mais recentemente pelos critérios ESG. Essa sigla é formada pelas iniciais, em inglês, das palavras ambiental, social e governança. Isso quer dizer que, para uma organização ser boa e respeitada, não basta que tenha uma gestão econômico-financeira eficaz, é preciso que tenha compromissos com a sociedade”.

Marcos Fava Neves ressaltou, em seguida, que a Jornada SOMAR Forças tem sido caracterizada por lives “muito propositivas”, das quais os participantes podem extrair ideias para aplicação imediata. Como estão gravadas no canal da Credicitrus no Youtube, acrescentou: “Compõem uma biblioteca de aulas prontas para qualquer universidade aproveitar. São palestras que qualquer um pode assistir quando quiser. Adicionalmente, são um registro histórico do que foi o período de pandemia no Brasil, provavelmente o mais complexo da sociedade mundial nos tempos recentes”.

Instituto em evolução

Maria Tereza de Souza Lima Uchôa iniciou sua apresentação afirmando: “Tenho muito orgulho de falar de nosso instituto. Sempre começo nomeando-o como nosso instituto, porque pertence a todos os cooperados. Seus recursos são advindos de toda a movimentação dos cooperados. Quanto mais usarem nossa cooperativa, mais recursos terá o Instituto. Essa já é uma maneira de participar”.

Na sequência, falou sobre a política de responsabilidade social da Credicitrus e a trajetória do Instituto desde sua fundação, em 28 de agosto de 2019: “As empresas têm que enxergar além do próprio negócio, têm que ter um propósito. Nosso instituto é a alma da Credicitrus. Com base no sétimo princípio do cooperativismo, nossa cooperativa criou em 2005 o Fundo de Investimento Social (FIS), por iniciativa de Leopoldo Pinto Uchôa, que enxergava a necessidade de levar às comunidades oportunidades de transformação de vidas”. Explicou que o FIS, para o qual todos os cooperados destinam 1% das sobras anuais a que têm direito, somado a parte do Fundo de Assistência Técnica Educacional e Social (FATES), custeia as obras do Instituto, dando continuidade ao trabalho de apoio a entidades do terceiro setor desenvolvido desde 2005 pela Ação Social Cooperada.

“Quando nosso instituto começava a engatinhar, a dar os primeiros passos, fomos surpreendidos pela pandemia”, disse Maria Tereza, acrescentando: “Tivemos que redirecionar ações e projetos para socorrer as pessoas e entidades que mais precisavam e, para isso, firmamos várias parcerias”.

Finalizando sua participação, anunciou: “Hoje estamos lançando a campanha Todo Sonho é Realidade, para apoiar o Hospital Regional do Câncer de Passos, estimulando nossos associados para que façam doações, por meio de transferências ou PIX, que darão maior sustentabilidade ao hospital”.

Em seguida, o  CEO da Credicitrus e vice-presidente do Instituto Credicitrus, Walmir Segatto, afirmou que a responsabilidade social “está na alma” dos negócios da Cooperativa. Alinhou algumas das ações que considera mais relevantes entre todas as realizadas ou apoiadas pelo Instituto, como a transformação do programa “1.000 Cooperados Empreendedores”, realizado em parceria com o Sebrae, do formato presencial para o digital. “O programa vinha em baixa velocidade, com turmas de aproximadamente 25 cooperados que são donos de negócios. Com o novo formato, atingimos rapidamente os mil e fomos além”. Assim, segundo disse, a pandemia criou condições de a Credicitrus, por meio do Instituto, oferecer oportunidades para mais pessoas. Nesse sentido, relembrou de outro curso, o MBA em Administração realizado em parceria com a Fundação Getúlio Vargas e o Serviço de Aprendizagem do Cooperativismo em São Paulo (Sescoop/SP), “para formar futuros líderes, que farão diferença em suas comunidades” e cujas inscrições foram abertas na semana de 12 a 16 de abril.  

Segatto complementou: “Esses são apenas dois dos programas do Instituto, entre outros tantos. Temos vários programas de formação e educação, apoiamos os Diálogos de Intercooperação, uma parceria da Credicitrus com duas das maiores e mais atuantes cooperativas singulares do País, doamos um extrator de RNA à UNESP, para que acelere pesquisas na área de saúde, em especial relacionadas à Covid-19, tivemos lives solidárias como a realizada com o cantor Leo Chaves e estamos patrocinando em Itápolis, SP, um projeto piloto conduzido pela cooperativa Yougreen (de coleta de materiais recicláveis) para termos uma sociedade mais limpa”.

Santa Casa de Passos

O provedor da Santa Casa de Misericórdia de Passos, MG, Dr. Vivaldo Soares Neto, abriu a apresentação sobre a entidade – e esta pode ser conhecida em detalhes em seu  site na internet (www.scmp.org.br) –, e elogiou a iniciativa da Credicitrus de realizar um webinar sobre responsabilidade social: “Nossos cumprimentos, em nome da Irmandade, por esta live, que traz um assunto de importância desmedida, que deve gerar importantes reflexões e aprendizados”.  

A Santa Casa de Passos classificou-se em décimo primeiro lugar entre os melhores hospitais do Brasil, de acordo com pesquisa realizada no último ano pela revista norte-americana Newsweek. A descrição de suas atividades ficou a cargo de seu superintendente, Daniel Porto Soares. Ele contou que a instituição foi fundada em 1865 e, desde então, não parou de progredir, sempre com o apoio da comunidade. Em 1905 mudou para seu segundo edifício, hoje ocupa uma área de 35 mil m2 e já se prepara para o futuro, com a Cidade da Saúde e do Saber, cuja construção foi iniciada em uma área de 140 mil m2, planejada para conjugar assistência saúde com educação e desenvolvimento de pesquisa, tendo inclusive uma incubadora de startups.

Daniel explicou que a Santa Casa é um complexo hospitalar composto por várias unidades, com 42 especialidades médicas apoiadas em serviços de alta complexidade. Atende a macrorregião de Passos, formada por 27 municípios e 500 mil habitantes, mas alcança um território ampliado com 60 municípios e 850 mil habitantes. Dentre suas unidades, tem tido maior destaque o Hospital Regional do Câncer, fundado em 2010, que já tratou 12 mil pacientes de 140 municípios. Em torno dessa unidade, surgiram outros serviços e programas, visando ao atendimento principalmente da população sem recursos, como o Ambulatório da Dor, o Nutrivida (suplementação alimentar) e o DAMMAS (grupo de apoio a mulheres com câncer de mama). “Nossa missão de cuidar da saúde”, enfatizou Daniel, “transcende nossa atividade hospitalar, contemplando o ser humano na sua integralidade”.

Ao final, ressaltou a importância dos apoios externos para a manutenção da Santa Casa. O desafio permanente de manter essa estrutura em operação com eficiência, fechando anualmente sem déficit, “vem sendo vencido com o apoio da comunidade, por meio de pessoas físicas, empresas e entidades do terceiro setor e, nesse trabalho, captamos quase R$ 12 milhões em 2020”, concluiu Daniel.

Grupo Cabo Verde

O Grupo Cabo Verde, sediado em Passos, MG, é um empreendimento familiar com mais de 74 anos de existência, que atua nas áreas de suinocultura, cafeicultura, agricultura de milho e soja e pecuária de leite e corte. Foi constituído por José Coelho Vitor e hoje tem sua direção segmentada por áreas de atividade a cargo de seus cinco filhos (em ordem decrescente de idade) Murilo, Rubens, Maria Lúcia, Maurício e Roberto. A esposa de José Coelho Vitor, Oilda Valéria Silveira Coelho, faleceu em 1967 e, em sua homenagem, o grupo criou uma entidade sociocultural com o nome de Instituto Dona Oilda.

Rubens Silveira Coelho, responsável pela área financeira do grupo, afirmou: “Por formação ética, religiosa, familiar, a solidariedade faz parte do nosso DNA. São valores passados pelos nossos pais. Fazemos questão de produzir, de sermos competentes em nossas atividades, geramos mais de 700 empregos. Porém, temos tido participação social nas diversas entidades existentes na cidade e em outras localidades, entre as quais, com bastante relevância, o Hospital Regional do Câncer”.

A propósito da campanha Todo Sonho é Realidade, lançada pelo Instituto Credicitrus, recomendou: “As pessoas que nos assistem, que participem, doem para o Instituto Credicitrus. Produtores, pessoas físicas, que contribuam da forma que puderem para minorar o sofrimento dessas pessoas que têm tão pouco, nós temos muito”.

Maurício Silveira Coelho explicou que o Instituto Dona Oilda, fundado no início de 2018, atua em quatro áreas: educação, esporte, lazer e meio ambiente. Iniciou suas atividades junto às escolas públicas, com o objetivo primordial de beneficiar crianças carentes: “A escola banca o aluno em um período e o Instituto no outro, com atividades como artesanato, reforço escolar, futsal, teatro, horticultura. Cada escola faz sua demanda específica e o Instituto banca o projeto durante o ano todo”.

Maurício, que faz parte da irmandade mantenedora da Santa Casa de Passos, conta que o Hospital Regional do Câncer foi construído graças ao engajamento da sociedade: “Junto com nossos leilões de gado leiteiro, conseguimos arrecadar uma quantia muito significativa para a construção. Porém, mais do que isso, conseguimos dar uma visibilidade muito grande para essa captação de recursos. Com os leilões transmitidos pela televisão, abrimos espaço para isso e conseguimos que as comunidades regionais se engajassem nessa causa”.

Um dos pilares da captação de recursos para o Hospital é a campanha Casa Amor, conforme conta Maurício: “Hoje está em seu quarto ano. Começou com uma paciente que se tratou no hospital e doou sua própria casa. Com isso, o hospital lançou uma campanha para o sorteio da casa e arrecadou quase 1 milhão de reais que, junto com outras ações realizadas em nossa sociedade, elevou o total arrecadado a 4,5 milhões de reais. A partir daí, a Casa Amor passou a ser a mola mestra da arrecadação em nossa região”. Em 2018 a arrecadação foi de 9,5 milhões, subiu para 11,5 milhões em 2019 e 12,6 milhões em 2020.

Depois de citar outras ações e dar ênfase ao trabalho de atenção humanizada realizado pelo Hospital Regional de Passos, Maurício chamou atenção para a importância da ajuda de empresas e pessoas físicas para as causas sociais: “A gente já recebe tanta coisa, tanta saúde, tanta qualidade de vida, nada mais justo do que retribuir um pouco disso com trabalho e recursos financeiros, pois sem dinheiro nada se faz, e usar da rede de relacionamento que temos para gerar esse ganho maior, que é o ganho social. Temos a obrigação e a responsabilidade não de mudar o mundo, mas de mudar a comunidade em que estamos inseridos. Não adianta combater o modelo com que a gente não concorda, simplesmente de forma crítica. A gente tem é que criar um modelo novo para tornar o antigo obsoleto”.

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